A festa do peru

O Thanksgiving – ação de graças – é, provavelmente, o feriado mais importante dos E.U.A, celebrado pela maioria da população, inclusive mais que Natal. O que faz sentido dada a grande quantidade aqui de religiões que não celebram Cristo, principalmente o judaísmo.

Não tem um dia fixo no calendário mas acontece sempre na última quinta-feira de Novembro. A maioria das empresas dão esse dia de feriado e até estabelecimentos e comércio fecham mais cedo para as pessoas irem pra casa jantar com familiares e amigos. Alguns lugares também emendam a sexta, coisa raríssima aqui dado que os outros feriados são segunda-feira (o único marcado e que às vezes emenda é 4 de Julho, dia da Independência).

Muita gente viaja, junta-se à família. As estações de trem e aeroportos ficam entupidos, vôos atrasam, fica igual rodoviária do Tietê em véspera de Natal. O povo americano se prepara meses antes. Pessoas até fazem fila na frente do supermercado pra comprar peru. 

Existem duas versões da lenda de onde tudo começou: uma mais floreada sobre uma celebração entre índios e cara pálidas e, a mais plausível e realista na minha humilde opinião, a tradição Europeia, em especial dos países mais ao norte, da festa da colheita, celebrada antes da chegada do inverno. Segundo meu marido, muito inteirado e letrado sobre história Americana, esse foi também um modo que acharam de reunir o país após a Guerra Civil – criar um feriado oficial e juntar a população em torno de uma festa que simboliza abonança. Parece que funcionou.

Outra curiosidade em torno do dia é o perdão de um peru pelo presidente. Aqui existe o processo anual de o presidente perdoar certas pessoas condenadas a crimes diversos. Um peru sortudo pode também ter sua vida poupada para thanksgiving. É uma cerimônia televisionada e tudo. Oh Americans! 🙄 E pensar que uns brasileiros ficaram ofendidos com a menção à mandioca.

Neste ano resolvemos receber amigos em casa e fazermos o almoço/ janta aqui mesmo. Como pra tudo tem um nome, foi um Friendsgivng. É um dia de comilança entre família e amigos porém sem presentes. O que me apetece bastante. É um Natal não- comercial (óbvio que os Americanos inventaram então a black Friday pra compensar).

Existe um menu bem típico de thanksviging: o ator principal é o peru e depois tem alguns complementos que sempre aparecem como couve de bruxelas (algo que eu amo, aqui tem em todo lugar e nunca tinha comido antes), molho de cranberry (sim, dá pra fazer outra coisa com a frutinha do que misturar na vodka rs), purê de batata doce, torta de abóbora (essa eu particularmente passo). Ah sim, tem também o recheio do peru (stuffing), importantíssimo para os cozinheiros e cada um tema receita de família até.

O povo aqui espera ansiosamente o tal peru chegar nos supermercados, faz fila na porta ou encomenda com antecedência, como foi o nosso caso (aqui é compra online na veia, veio embaladinho e entregue no portãozinho de casa). Existe toda uma técnica pra cozinhar o danado. Segundo entendidos (meu marido é um deles), o peito cozinha antes que as coxas e aí seca e aí fica ruim. Nessa história entre o recheio, o modo de temperar, de amarrar, a temperatura de cozimento. Senhoras e senhores, é uma arte!

O nosso (na verdade, eu só dei apoio moral hehe) passou no teste dos amigos e ficou bem bom. Para dar uma abrasileirada eu fiz brigadeiros. Foi uma tarde delícia de aperitivos, comilança, bebelança e cantoria e dancinhas até 2h da manhã. Essa parte, claro, nada americana 😉

 

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